Chegou a hora de nos unirmos pelo protagonismo brasileiro na ação climática.
A mudança global do clima é real. Ondas de calor frequentes já estão provocando incêndios, devastação e mortes. Evidências científicas sugerem que o atual nível de gás carbônico na atmosfera é o maior em 3,5 milhões de anos. Grande parte do gelo do Ártico e de parte da Península Antártica está derretendo. O nível dos mares está subindo, colocando em risco a vida de mais de 300 milhões de pessoas. Até 2030, milhões de novas pessoas em todo o mundo devem se encontrar abaixo da linha da pobreza e um número similar será forçado a migrar. Haverá falta de alimentos e um alto índice de subnutrição. Se a mudança climática permanecer fora de controle, gerará impactos econômicos, sociais e humanos ainda mais negativos do que os trazidos pela pandemia do novo coronavírus.
O Brasil sempre foi um país reconhecido mundialmente como uma liderança no enfrentamento à mudança do clima, como conciliador e protagonista em busca de consensos para a ação climática. Nosso país é o sexto maior emissor de gases de efeito estufa do mundo. Por outro lado, temos o que precisamos para construir um novo modelo de desenvolvimento: somos o país mais biodiverso e temos a maior área de floresta tropical do planeta. Podemos aplicar soluções baseadas na natureza e sistemas baseados em uma economia de baixo carbono e resiliente, com potencial para gerar milhões de empregos verdes e impactar diretamente na redução de desigualdades e melhoria na qualidade de vida da população.
Podemos nos tornar liderança mundial na criação de modelos de vida sustentáveis que promovam a eficiência energética, com amplo uso de energias renováveis, manejo adequado dos resíduos sólidos, incentivo ao aumento das áreas verdes urbanas e ao uso de modais de transporte de baixa emissão, estimulando a produção e o consumo sustentáveis. Essa é a vocação do Brasil, e nós sabemos como fazer
Atualmente, o desmatamento e a atividade agropecuária são responsáveis por quase 72% das emissões de gases do efeito estufa no país. É vital e urgente implementar projetos de agricultura de baixo carbono, interromper o desmatamento ilegal e recuperar nossas florestas nativas. Além da manutenção do clima, novas formas de produção agropecuária e de uso de recursos naturais, que alavancam a regeneração da biodiversidade e da floresta como pano de fundo para se alcançar ganhos socioeconômicos, aquecerão a economia do país, incluindo pessoas e meio ambiente num círculo virtuoso de crescimento que combata a desigualdade social.
Nosso futuro, social e econômico, está ligado a como enfrentaremos hoje, coletivamente, o combate à mudança climática. Tendo em vista a urgência de ações para frear essa mudança climática, propomos uma aliança entre governos estaduais, municipais, mídia, universidades, sociedade civil, empresas, investidores, instituições religiosas, instituições de saúde e outras organizações não estatais, constituindo assim a Aliança pela Ação Climática Brasil.
Nós, signatários e signatárias da ACA Brasil, assumimos a responsabilidade de honrar os compromissos pactuados pelo Brasil no Acordo de Paris e colaborar para que sejam ainda mais ambiciosas, à luz das mais recentes recomendações do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), buscando limitar o aumento da temperatura da Terra a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Mobilizaremos esforços para reduzir pela metade nossas emissões até 2030 e atingir a neutralidade em carbono até 2050.
Estamos alinhados com a visão de que, mais do que frear a mudança climática, devemos trabalhar para a construção de um novo paradigma econômico e social, que promoverá a justiça climática, ambiental e o bem estar da população. Estamos comprometidos em deixar no planeta uma marca regenerativa. Uma marca de empenho coletivo pela manutenção e o apreço por todas as formas de vida.
Toda a sociedade deve reconhecer e assumir sua responsabilidade e seu papel de protagonismo nesse processo. Líderes políticos precisam elaborar e implementar políticas públicas em consonância com compromissos voluntários nacionais e internacionais como a Declaração do Recife, proposta no marco da primeira Conferência Brasileira de Mudanças Climáticas; a Carta dos Órgãos Estaduais de Meio Ambiente pelo Clima (Abema), proposta também no âmbito da CBMC, o Pacto Global de Prefeitos pelo Clima e Energia e a Carta de Compromisso dos Governadores pelo Clima, que servem como norteadores desse movimento. De igual maneira, empresas e organizações devem alinhar suas estratégias e operações a uma economia neutra em carbono. Ao liderarmos pelo exemplo da ação climática, fazemos parte da solução.
Precisamos agir agora. Junte-se à ACA Brasil.