No dia 29 de outubro, a ACA Global, divulgou, em conjunto com as Alianças pela Ação Climática de diversos países: Estados Unidos,  Japão, México, Vietnã, Argentina, África do Sul, Brasil, Austrália e Chile, uma carta conjunta para elevação da voz coletiva da Aliança. 

 

Trata-se de uma chamada global à ação para governos nacionais e outros atores subnacionais e não-estatais que visa enquadrar as demandas das Alianças durante a COP 26, a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, principal cúpula da ONU para debate sobre questões climáticas, que acontece entre os dias 1 a 12 de novembro deste ano, em Glasgow, na Escócia.

 

A carta destaca que a década atual é decisiva para evitar que as temperaturas globais subam acima de 1,5 °C em relação aos níveis pré-industriais e evitar os piores impactos das mudanças climáticas, indicando ser necessária uma mobilização global sem precedentes. Por fim, recomenda o aumento de ambição, alinhamento de políticas e investimentos e a cooperação entre todos.

 

Abaixo divulgamos a carta na íntegra, em português: 

 

As Alianças para a Ação Climática convocam à ação

 

Estamos no meio de uma profunda transformação global. A sociedade humana como a conhecemos – a forma como fornecemos energia para nossas casas e indústrias, nos locomovemos e produzimos nossos alimentos – precisa mudar se quisermos dar a cada pessoa ao redor do mundo a chance de uma vida digna, para que evitemos o colapso dos sistemas biofísicos que nos sustentam.

Os últimos relatórios científicos confirmam que estamos em um momento crucial para a humanidade. A crise climática está batendo à porta, assim como uma crise cada vez mais profunda para a natureza, agravada pela pandemia de COVID-19. Os sinais do que acontecerá, se não agirmos, já se manifestam – crescentes incêndios no oeste do Canadá e dos Estados Unidos à Austrália, inundações da China à Europa e secas da América do Sul à África.

Não podemos mais ficar à margem. A hora de agir é agora e temos as ferramentas para fazer isso acontecer.

A próxima década (2021-2030) é decisiva se quisermos cumprir a meta do Acordo de Paris, de evitar que a temperatura global ultrapasse 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais, e evitar os piores impactos das mudanças climáticas:

 

Os governos nacionais têm um papel crítico a desempenhar por meio de seus sinais, políticas e investimentos de longo prazo. Nós – governos subnacionais, locais e tribais, o setor privado, instituições acadêmicas, religiosas e culturais, organizações da sociedade civil e tantas outras – também somos essenciais para alcançar esses objetivos. Nossos compromissos até o momento são significativos. Ao contabilizar os compromissos de todos os atores subnacionais e não estatais em todo o mundo até o momento, poderíamos ajudar a trazer o mundo para perto da faixa de um caminho compatível com os 2°C. Todavia, a ciência nos diz que precisamos de mais.

Se quisermos evitar que as temperaturas globais ultrapassem os 1,5°C, precisamos de uma mobilização sem precedentes em todo o mundo. Precisamos de uma abordagem que envolva toda a sociedade (whole-of-society approach), na qual cada um dos governos nacionais, instituições subnacionais e não-estatais e cidadãos se junte ao desafio de ser uma força para o bem, ajudando cada um de nossos países a atender às necessidades de desenvolvimento e se recuperar da pandemia de COVID-19, ao mesmo tempo em que se combate a crise climática. Todos têm um papel a desempenhar e cada um de nós deve dar um passo adiante.

 

Enquanto os governos nacionais se preparam para se reunir em Roma, na Itália, para a reunião do G20, e em Glasgow, na Escócia, para a 26ª Conferência das Partes da UNFCCC (COP26) no final deste mês, urgimos que o G20 e outros líderes nacionais demonstrem sua determinação em lidar com a crise climática por meio do:

 

Também convocamos nossos parceiros, governos subnacionais, empresas, investidores, instituições acadêmicas, culturais e religiosas, organizações da sociedade civil e outras instituições, a fazer a sua parte para ajudar a cumprir e superar as metas climáticas de seus respectivos países ao:

 

Por meio das Alianças para Ação Climática, mais de 6.000 cidades, governos estaduais, regionais e tribais, empresas, investidores, instituições religiosas, culturais e acadêmicas e organizações da sociedade civil se reuniram em nossas respectivas alianças nacionais para acelerar as transições nacionais alinhadas com o 1,5°C e net-zero em nossos países, incluindo Argentina, Austrália, Brasil, Chile, Japão, México, África do Sul, Estados Unidos e Vietnã. Estamos agindo agora.

 

O G20 e a UNFCCC COP26 precisam fornecer uma mensagem inequívoca de que o mundo trabalhará em conjunto para impulsionar a transição para sociedades resilientes e net-zero até 2050, além de demonstrar as reduções de emissões e o nível de preparação climática necessário para a década de 2030, de modo a tornar essa transição irrefreável.

 

Estamos prontos para trabalhar com os governos nacionais e outras instituições subnacionais e não estatais, com base no melhor conhecimento científico disponível, para apoiar a concretização de transições que vêm sendo conduzidas no âmbito doméstico em todo o mundo. Junte-se a nós!